sexta-feira, novembro 18

divino maravilhoso

Seis meses se passaram. Seis meses em que muita coisa aconteceu, passou, mudou. Muita, muita coisa.
Amanhã, as pimentinhas completam meio ano de vida. E eu nem acredito que já se passou tanto tempo desde que eu recebi aquelas duas criaturinhas tão pequeninas, melecadas e curiosas, aconcheguei-as no meu peito e lhes apresentei o mundo.
O nosso primeiro contato é algo que vou guardar para sempre. Ana Luz com seus lindos olhos de jaboticaba bem abertos e atentos. Estrela, colocando a boca no mundo, preenchendo a sala com seu choro forte e decidido, que me pareceu o som mais lindo entre todos os outros.
Hoje elas estão aí, lindas, espertas, sapecas. Sorridentes, tranquilas. E temperamentais, afinal são filhas de quem são, mesmo.
Vêm me ensinando a cada dia. Mostrando que se pode amar nos limites do improvável. Além desses limites, aliás. Muito além.
Seis meses. É o fim da amamentação exclusiva. Daqui pra frente, amamentação sim, enquanto elas quiserem. Mas exclusividade não. É hora de conhecer o mundo sorvendo suas cores, cheiros e sabores. Experimentar e ampliar possibilidades.
É assim. A vida simplesmente acontece e faz lembrar que o tempo, implacável, passa. Às vezes, rápido demais.
Se por um lado é uma das coisas mais bacanas da vida vivenciar o crescimento de duas criaturinhas maravilhosas que saíram de dentro de mim e hoje existem por si mesmas, por outro não posso negar o aperto gigante no coração. Uma vontade desumana de mantê-las sempre recém-nascidas, sempre pequeninas, miudinhas, frágeis, dependentes. Sempre aninhadas sob minhas asas de galinha-mãe. Minhas bebês, para sempre. Que elas serão, independente de quanto tempo passe. Mas fisicamente, crescem e crescem, e isso não dá para não se ver.
Eu sempre ouvi que os filhos crescem rápido demais e a gente nem vê. Mas nunca pensei que viveria essa sensação tão cedo.
E quando eu penso que é só a primeira papinha, imagino o que será de mim quando vierem as primeiras palavras, os primeiros passinhos, o primeiro dia de escolinha, o primeiro beijo, o primeiro namorado e mais uma infinidade de primeiros e primeiras que aguardam minhas meninas aí pelas esquinas da vida.
Acho que quem fez o mundo errou aí. Mãe não deveria ser um bicho tão sentimental.
Ou deveria.
É. Acho que esse, na verdade, foi o acerto dos acertos.