quinta-feira, junho 29

meu mundo e nada mais

É que tem esses momentos na vida, esses momentos em que parece que o imponderável conspira para te fazer questionar tudo: suas escolhas, seus caminhos, suas verdades. As coisas ao seu redor de repente parecem começar a sair dos eixos, a ficar mais e mais confusas, e o processo de auto-questionamento, seguido quase sempre de uma auto-condenação impiedosa, é muitas vezes o caminho mais provável.
Só que eu não quero entrar nessa. Quero manter minha força, meditar muito, respirar fundo e canalizar toda a minha energia para superar a fase difícil e continuar fazendo o que eu acredito que é a coisa certa.
Não é que eu tenha medo de mudar de idéia, não. É que tudo, até mesmo mudar de idéia, tem que ser feito na hora certa, e pelos motivos justos. Nunca pelo desespero.
Pensei bastante, e não é a minha hora de mudar de idéia.
O caminho pode até estar difícil, mas sei que é o meu caminho e vai me levar exatamente onde eu quero chegar.
E isso é tudo de que eu preciso.

terça-feira, junho 27

é comigo?



... será que o problema é meu? Sou a única a ficar de saco cheio com as bobagens despejadas pelos locutores e comentaristas a cada transmissão dos jogos da copa (seja na TV aberta ou paga)?
Começo a achar que ser comentarista esportivo é o negócio do século: não precisa saber nada sobre coisa nenhuma (basta saber falar bobagens com propriedade), viaja em época de copa e ainda ganha pra isso.

segunda-feira, junho 26

no tempo da delicadeza



preciso não dormir
até se consumar o tempo da gente
preciso conduzir um tempo de te amar
te amando devagar e urgentemente

pretendo descobrir no último momento
um tempo que refaz o que desfez
que recolhe todo sentimento,
e bota no corpo uma outra vez

prometo te querer,
até o amor cair doente
doente
prefiro então partir a tempo de poder
a gente se desvenciliar da gente

depois de te perder, te encontro com certeza
talvez no tempo da delicadeza
onde não diremos nada,
nada aconteceu
apenas seguirei como encantado ao lado teu *


4 anos.
4 anos de cumplicidade, de amores, de amassos.
4 anos de conquistas, de tropeços, de abraços.
4 anos de olhares, de afagos, de começos e recomeços.
4 anos de calor, de suspiros, de sentires.
4 anos de amigos, de amantes, de parceiros.
4 anos de almoços, jantares, lanchinhos e bagunças.
4 anos de doação, de discussão, de compreensão.
4 anos de boca, de língua, de sexo.
4 anos de apoio, de suporte, de força.
4 anos de passeios, de viagens, de descoberta.
4 anos de caos, de contravenção, de medos e coragens.
4 anos de segundas-feiras, de sábados, domingos e feriados.
4 anos de distâncias e saudades, reencontros e quenturas.
4 anos de nós. Eu e você. 4 anos.
4 anos, eu te amo. 4 anos, te quero. 4 anos, e mais e mais.
4 anos, eu você e nossa família. Linda.
4 anos, feliz.
Feliz 4 anos.
Amor.

* "Todo o sentimento", letra de Chico Buarque de Holanda

quinta-feira, junho 22

digam-me, por favor (III):

... depois de hoje, a imprensa e a torcida brasileiras vão continuar enchendo o saco do Ronaldo discutindo quem está, esteve ou deixou de estar acima do peso??

digam-me, por favor (II):

... tem coisa mais deliciosa que ouvir um 'mamããã' bem dengoso te chamando quando você está dobrando a esquina?

digam-me, por favor:

... o que é que a gente faz com essa vontade eterna de virar a vida de ponta-cabeça?

quarta-feira, junho 21

"Não é saudade, porque para mim a vida é dinâmica e nunca lamento o que se perdeu - mas é sem dúvida uma sensação muito clara de que a vida escorre talvez rápida demais e, a cada momento, tudo se perde." *

Achei lá no blog da Denise. Lindo, de doer.
A um só tempo fantástica e insuportável, essa sensação inevitável da vida escoando pelo vão entre nossos dedos, a cada minuto. A cada segundo. A cada respiro.
Eu ainda não cheguei a esse ponto de jamais lamentar o que se perdeu. Sinto saudades, sim, de muita coisa. Mas não deixo de ser feliz com o aqui e agora.
Olho para a frente, respiro fundo, vivo e deixo viver.
Mas de vez em quando, vem aquele friozinho no coração, saudosismo de apertar a garganta com um nó dos bons. E eu, me entrego. Já dizia minha avó: o que não tem remédio, remediado está.
Alma saudosista é algo que, quem tem, não larga fácil, não.
Eu que o diga.

* Caio Fernando Abreu

segunda-feira, junho 19

desejos



Eu gostaria de dizer às pessoas que respeitassem mais e compreendessem que cada um tem seu caminho, seus passos, sua estrada.
Eu gostaria de pedir que estendessem mais a mão e julgassem menos.
Gostaria de sugerir que respeitassem a opção alheia, e não tentassem impor suas próprias crenças e visões de mundo a quem já tenha as suas próprias.
Gostaria de pedir que optassem pela generosidade, pela compreensão, pela empatia. Que compreendessem que o outro é isso: um outro, e não uma extensão de si mesmos.
Eu gostaria de dizer que todo caminho é um caminho, e que o que importa é que nos leve onde queremos chegar, e não onde outros desejam nos fazer chegar.
Eu gostaria de fazer com que se compreendesse que a própria vida já nos dá bastante trabalho, que nos ocupemos dela e deixemos a dos outros.
Eu gostaria.
Gostaria muito.

quarta-feira, junho 14

e que o medo não me impeça de ver o que anseio...


Tem certos passos na vida que dá um frio na barriga imenso de dar.
São fantásticos, são importantes, são muito do que a gente quer e sonha há tempos.
Sonhar, a gente sonha. E na hora que chega?
E entregar-se, e ser feliz. Que venha o que vier.
Na teoria, parece fácil.
Só na teoria.

terça-feira, junho 13

simples, e só


"A vida apenas, sem mistificação." *

Assim. Sou eu.
Pelo menos, por enquanto.
Coisas a fazer, coisas a pensar, coisas a viver. A vida, enfim, apenas.
Bom, pelo menos, por enquanto.

E hoje ainda, copa do mundo, jogo do Brasil. Universo paralelo em expansão.
Demais para uma pessoa só. E sem mistificação.

* (Carlos Drummond de Andrade)

quinta-feira, junho 8

era uma vez uma raposa...

Eu não entendo essa mania que certas pessoas têm de expiar uma culpa pessoal atirando pedras em quem fez o que elas mesmas gostariam de ter feito (ou nem gostariam, mas achavam que deveriam, por um motivo ou por outro) e não fizeram. Acho isso de uma pequeneza, de uma mesquinhez sem tamanho. Se não quis ou não pôde fazer, é o caso de trabalhar, de superar e seguir em frente. E de deixar em paz quem agiu ou conseguiu diferente.
Eu fico besta de ver a capacidade que têm certas pessoas de despejar suas frustrações em cima dos outros sob o manto da 'atitude', da 'personalidade', do 'digo o que penso'.
Li, entre indignada, penalizada e incrédula, o texto da coluna de Fernanda Young na revista Cláudia deste mês. Falava sobre amamentação. Não, eu não compro e nem pretendo vir a comprar essa revista, menos ainda depois de ter lido o tal texto. Mas a coluna provocou tamanha indignação entre as mães, grávidas e afins dos grupos de que participo, que rodou por aí mais que roda gigante. Não a reproduzo aqui por motivos óbvios: direito autoral é direito autoral e existe para ser respeitado. Mas falar a respeito eu posso,e a minha opinião ninguém pode me impedir de dar.
Nada de novo, na verdade. A coluna apenas repetia feito papagaio ensinado todas as inverdades, equívocos e preconceitos que as pessoas têm a respeito de aleitamento materno. Entre outros absurdos, dizia que as mães são 'enganadas' quando as fazem crer que seu leite é o alimento mais saudável para seus filhos e que amamentação prolongada é prejudicial à saúde psicológica das crianças.
Olha, não amamentar, tudo bem. É opção pessoal. Eu não concordo, não entendo, mas respeito. Cada um sabe de suas prioridades e conhece seus limites, e não cabe a mim dizer o que a vizinha deve ou não fazer da própria vida e da própria maternidade. Mas disseminar idéias preconceituosas e equivocadas como essas, sem o mínimo de responsabilidade que deveria ter alguém que, como colunista de uma revista de veiculação nacional, acaba agindo como formadora de opinião e ponto de referência para mulheres de todo o país, isso pra mim é lastimável. É triste. É feio.
Amamentação é alimentação, é saúde, mas não só isso. Amamentação é laço, é afeto, é vínculo. Amamentação é aconchego, é carinho, é troca. Amamentação é interação, uma das mais intensas e verdadeiras que se pode experimentar na vida. Digo por experiência, não por ouvir falar.
Eu amamentei exclusivamente até os seis meses, amamento até hoje, e me orgulho disso. Me orgulho porque não foi fácil. É cansativo, é difícil, exige. Mas o que se ganha em troca é infinito. É a maravilha de estar constantemente dando a vida. Não porque meus seios sejam 'fonte de pureza', como ironizou pretensiosamente a colunista. Mas porque são parte de mim. Porque são parte da minha essência. De mulher, de fêmea. De mãe. Porque essa é apenas uma das milhares de formas que encontro de expressar meu amor pelas minhas filhas. E cada uma que encontre a sua e seja feliz com ela, sem querer ser mais ou melhor do que ninguém.
Para mim, Fernanda fez exatamente o contrário do que pretendia. Atirou para um lado e acertou no outro. Desejava, perpetuando a imagem de 'eterna rebelde', de "Fernanda Forever Young", como maravilhosamente apelidou uma amiga, ir contra o sistema, libertar as mulheres dos "grilhões da amamentação" impostos por uma sociedade inconsciente e cruel, provar que teve a coragem de fazer diferente e sente-se muito bem com isso.
Conseguiu o contrário: só quem não quer não enxerga, sob a casca superficial do discurso libertário, a tentativa desesperada de superação da culpa varrida para baixo do tapete. Sob o manto da mulher contestadora e independente, vislumbra-se facilmente a menina raivosa e frustrada que, para defender-se, ataca. A velha estória da raposa e das uvas 'verdes'.
Triste. Feio. Desnecessário.
E, principalmente, mais do mesmo. Infelizmente.

quinta-feira, junho 1

o que é o que é

Tudo o que acontece na vida tem um porquê. Sempre.
Eu acredito nisso. Mesmo que a princípio a gente não compreenda quais são esses porquês, eles existem, sim. Estão ali, e um dia ou outro a gente desvenda.
Ou não desvenda nunca, porque às vezes não precisa.
O importante é saber que a gente pode ter a aprender com cada pedacinho de experiência que cruza o nosso caminho nessa vida.
Que tudo, de bom e de ruim, pode ser transformado e virar matéria prima pra moldar com as mãos e resultar coragem, força, beleza.
Que, como já dizia algum gênio maluco que não me lembro quem era, 'o que importa não é o que fizeram de nós, mas o que faremos com o que fizeram de nós'.
A vida é maluca, é linda, é complicada e cheia de altos e baixos. É um infinito de possibilidades sempre à espera de mãos curiosas que se arrisquem a dar-lhe forma, sabor, sentido. É uma maravilha misteriosa sempre em aberto, pronta para ser o que a gente quiser que ela seja.
Eu fico feliz demais quando me lembro disso.
E inundada de uma vontade insana de viver. Tudo o que tiver que vir.
Vida, luz, calor. Quem eu amo por perto e um cantinho só nosso para se esconder de vez em quando.
Precisa pouco, pouco, pra me fazer aquietar o coração e iluminar meus cantinhos.
Só precisa mesmo é isso aí. A vida, inteira, diante de mim.
Parece pouco, mas é de uma imensidão de assustar.