quinta-feira, dezembro 29

Quem não tem cão



Tô precisando ler. Demais.
Crise de abstinência total. Esse negócio de ficar sem tempo para devorar um livro em três dias não é pra mim. Definitivamente, não é.
Tenho milhares de livros na fila de espera. Milhares de autores que estou precisando conhecer. Temas que estou precisando aprofundar.
Precisando, mesmo.
Mas cadê o tempo?
Dá licença, que eu vou ali mergulhar numa sopa de letrinhas.


terça-feira, dezembro 27

uma pausa de mil compassos ...



Uma pausa.
Pára tudo que eu preciso de uma pausa.
Uma pausa para ler, para dormir, para descansar.
Uma pausa para brincar com as minhas meninas, para cantar e dançar.
Uma pausa para passear ao sol, tomar sorvete deixando escorrer pela mão e comer maria mole sem medo das calorias.
Uma pausa para caminhar, tomar água de coco, suco de melancia ou de laranja.
Uma pausa para bater papo sem compromisso, para filosofar sem hora para tomar rumo.
Uma pausa para tomar um banho bem demorado, deixando a água escorrer sem pressa.
Uma pausa para ver o dia passar, para respirar fundo, para espreguiçar gostoso.
Uma pausa para curtir meu amor, para ficar abraçadinho, para trocar palavras de carinho.
Uma pausa para sentir o toque, para juntar os lábios, para fechar os olhos.
Uma pausa para pensar em mim.
Uma pausa para a vida.
Uma pausa.
Depois eu volto.


sexta-feira, dezembro 23






"quero ver o sol atrás do muro
quero um refúgio que seja seguro
uma nuvem branca sem pó, nemfumaça
quero um mundo feito sem porta ou vidraça
quero uma estrada que leve à verdade
quero a floresta em lugar da cidade
uma estrela pura de ar respirável
quero um lago limpo de água potável

quero voar de mãos dadas com você
ganhar o espaço em bolhas de sabão
escorregar pelas cachoeiras
pintar o mundo de arco-íris
quero rodar nas asas do girassol
fazer cristais com gotas de orvalho
cobrir de flores campos de aço
beijar de leve a face da lua ... "

... apenas alguns desejos e querências nessa fase tão reflexiva do ano.
Coisas que desejo, para mim e para aqueles que amo.
Aos queridos, um Natal inesquecível, iluminado, cheio de paz e plenitude.
E a certeza de que o amor, a simplicidade e a esperança ainda valem a pena.
Sempre valem.
Sempre.

Feliz Natal!
Muito, muito feliz.


(letra: Thomas Roth)

quinta-feira, dezembro 22

de fitas e laços

Eu adoro comprar presente. A-DO-RO.
Não é consumismo exagerado, não. É pelo sentimento, mesmo.
Eu tenho o maior prazer em procurar coisas para dar às pessoas que eu gosto. Acho o maior barato escolher, imaginar a reação, trocar, mudar de idéia, repensar, decidir.
Tanto que enfrento com bom humor shopping lotado, vendedor mal educado, fila, trânsito e todos esses detalhezinhos chatos que enfrenta quem quer comprar seja lá o que for nessa época do ano.
Eu nunca compro qualquer coisa. Pode ser uma lembrancinha, uma coisa simplérrima. Mas é escolhida, pensada e repensada.
E também acho muito legal quando ganho um presente e vejo que a pessoa escolheu com cuidado, pensando em mim, mesmo.
Nada a ver com preço ou valor material. O que importa é saber que o presente foi comprado para mim, e não para qualquer pessoa.
Acho isso tudo muito legal. A gente se entende um pouco melhor quando ganha um presente escolhido com cuidado e sentimento. Porque percebe, através do presente, um pouco de como aquela pessoa nos vê.
É que, no fundo, o que a gente ganha é um bocadinho de carinho embrulhado para presente.
E tem coisa melhor para se ganhar?


Imagem: http://www.sylvio.von.nom.br

terça-feira, dezembro 20



Eu queira / perceba / aceite / entenda ou não, o ano está acabando.
Onze dias, só. E mais nada.
Depois disso, passado. Poeira na estrada.
Doze meses. Trezentos e sessenta e cinco dias. Oito mil setecentas e sessenta horas. Quinhentos e vinte e cinco mil e seiscentos minutos. Trinta e um milhões quinhentos e trinta e seis mil segundos. E por aí vai.
E ainda foi pouco. Para tanto que havia para ser vivido. Porque sempre há.
A vida é infinita, sempre. Ainda bem.
Por mais que se viva, por mais que se faça, por mais que se sinta. Sempre há mais.
E isso me deixa feliz pra burro.


Imagem: http://buscandoestrelas.weblogger.terra.com.br

segunda-feira, dezembro 19

Uma vez eu li algo como: 'a vida é o que acontece enquanto você está ocupado fazendo outros planos'. Algo assim.
Eu ultimamente venho pensando diferente.
Minha experiência tem mostrado que, enquanto você está ocupado vivendo a vida, não tem muito tempo para fazer outros planos.
ufa!
:o)

sexta-feira, dezembro 16

Ô...

Fiz uma bobagem.
Fui editar o modelo do blog para incluir os comentários da Haloscan e, inadvertidamente, perdi todos os comentários antigos no processo.
Fiquei triste, triste. Tinha tanto comentário legal por aí. Tanta palavra amiga e carinhosa.
Tudo bem. Toda hora é hora para se praticar o desapego.
Ô, vida.



Eita semaninha complicada, essa.
Fim de ano, coisas e mais coisas pra pensar e resolver. Trabalho, prazos, pepinos a solucionar. E a primeira febre das meninas, gripinha que atacou as filhas e agora resolveu passar pra mãe.
Até que eu me saí bem como mãe de bebês doentinhas. Não me desesperei nem nada. Levei numa boa, com tranquilidade, sem atropelo nem preocupação excessiva.
Claro que deu um apertozinho no coração de ver minhas meninas caidinhas, com as bochechinhas vermelhinhas da febre, narizinhos escorrendo e olhinhos lacrimejando. Ô, dó.
No fim das contas, agora estou eu aqui. Dor de garganta, de cabeça, moleza e muita, mas muita preguiça.
Ô, vida.


PS: foto nova no fotolog, após um longo (mas nem tão tenebroso assim) inverno. passem lá: http://oseuseosoutros.nafoto.net



Imagem: http://canales.laverdad.es

terça-feira, dezembro 13

de pequenos-grandes gestos

É uma das lembranças mais lindas da minha infância. Das mais doces, mais ternas, mais coloridas.

Eu e meu irmão tínhamos viajado com nossos avós e, quando voltamos, encontramos minha mãe a nossa espera com aquele que é, até hoje, um dos melhores presentes que já ganhei na vida. Um daqueles que ficaram guardados na memória, aconchegados num cantinho especial da alma, e cuja simples lembrança já basta para me fazer aquecer o coração.

Ela mesma tinha feito, dispondo de criatividade, carinho e materiais à mão, uma casa de bonecas, de papelão, se bem me lembro de dois andares, com os cômodos divididinhos, colorida. Linda, linda.

A lembrança, por incrível que pareça, vem à mente como se tivesse acontecido no mês passado. Lembro do momento, da sensação, da atmosfera. Se fechar os olhos, ainda agora. A noite escura, o corredor da casa onde morávamos, a luz amarela iluminando o quintal. Minha mãe nos esperando na porta. E a casinha. Linda, porque era linda. E porque era nossa. Feita para nós, e para mais ninguém.

Ainda hoje me lembro, e eu tinha o quê? Talvez seis, sete anos. Muito, muito tempo atrás.
Acho (disso eu já não consigo me lembrar) que nós queríamos uma casinha para acomodar nossos bonequinhos de playmobil (alguém se lembra??) e minha mãe, ao invés de comprar uma casinha pronta, toda perfeitinha e impecavelmente impessoal, resolveu fazer uma ela mesma. Um gesto de amor, de dedicação, de carinho que até hoje me emociona e me aconchega a alma. Tão simples e tão imenso.

Pode parecer bobagem, contado assim. Mas teve um significado enorme.
Porque é por causa de atitudes como essa que hoje eu entendo a vida da forma como entendo. Que dou valor às coisas não pelo que elas são, ou pelo que valem. Mas pelo que significam.
E vou fazendo dessa a minha verdade. Porque acho que só sei viver assim.
Na contramão do mundo, do consumismo, da superficialidade.
No caminho da ternura.
E, afinal, não tem caminho mais doce e colorido pra gente caminhar nessa vida.


Imagem: http://www.bombonieredelikatessen.blogger.com.br

segunda-feira, dezembro 12

tempo, mano velho??



Às vezes eu precisava que o dia tivesse umas 36 horas, pelo menos.
Fazer tudo correndo, tudo na pressa, umas coisas por cima das outras.
Corre-corre-corre. Tudo-ao-mesmo-tempo-agora.
Eu, que sou devagar por natureza, fico meio zonza com essa correria toda.
É uma combinação maligna entre muitas coisas para fazer, pouco tempo para fazê-las e uma vontade danada de parar tudo, espreguiçar gostoso e deixar o dia passar.
Ele passa. Mas às vezes me atropela.
Afe!


Imagem: http://pimentadoce.blig.ig.com.br

sexta-feira, dezembro 9



Um dia desses, eu estava no saguão de um laboratório aqui perto de casa, esperando atendimento. Perto de nós, em um sofá bem ao lado, uma mulher lia uma revista dessas (muito mal) apelidadas de 'femininas' (um dia desses reservo um tempo para escrever sobre esse que, a meu ver, é um equívoco colossal a respeito do que é a 'feminilidade'). Ao seu lado, um carrinho. E dentro dele um bebê que devia ter no máximo uns três meses, se tanto.

Eu fiquei olhando, meio perdida entre pensamentos, relembrando os três meses das pimentinhas, curtindo o gostinho da saudade. Foi quando o garoto (pelo menos me pareceu ser um garoto) começou a chorar. Aquele chorinho sentido, pedinte, carente. Choro de bebê de três meses.

A mãe não se alterou. Sem sequer olhar para o bebê, pegou a mala e foi preparar uma mamadeira com leite em pó. Abre lata, abre mamadeira, põe água, põe leite, mistura, chacoalha. Tudo isso sem nem tomar conhecimento daquela pequena criaturinha que se esgoelava, sozinha, no carrinho.

Eu nem sei explicar o quanto aquilo me doeu. Aquele chorinho pedindo consolo, carinho, peito. Ou mesmo uma palavra de conforto que fosse. E aquela mãe mais preocupada em acertar a proporção correta entre a quantidade de água e a quantidade de leite.

A situação me tocou tanto que senti imediatamente meus peitos doloridos. Dizem que, para a mulher que amamenta, o choro das crianças tem um efeito produtor de ocitocina, que é o hormônio que estimula a produção do leite. Se é verdade ou se o efeito foi puramente psicológico, eu não sei. O fato é que ouvir aquele bebê chorar sozinho no carrinho sem que lhe fosse dita ao menos uma palavra de consolo fez meus peitos pingarem leite.

Senti pena. Sim, pena. Não uma pena por me sentir superior, melhor, mais do que ela. Não, nada disso, até porque julgar essa atitude sem saber nada a respeito dessa mulher, da sua história, dos seus porquês e dos seus sentires, seria uma ignorância. Mais do que isso, uma violência. Não é disso que falo. Falo de pena no sentido de estar penalizado, mesmo. No sentido de se solidarizar. Aquela pena de quem sabe e conhece o prazer de pegar um pequeno que chora nos braços e sentir aquela boquinha quente buscando avidamente o bico do seio. Como quem busca a vida.

Enfim. O bebê mamou, a mulher se foi, filho nos braços, quietinho e de barriga cheia. E eu fiquei ali, meio no vazio.

E fiquei pensando que sociedade é essa que acredita e faz acreditar que a maternidade é apenas isso: prover a sobrevivência. Alimentar o corpo, suprir as necessidades físicas e pronto. Obrigação cumprida.

Pensei também como é bom pensar diferente. Ter horizontes abertos.

E como é bom me sentir não apenas a 'responsável' pelas minhas meninas. Mas também o porto seguro, o colo e aconchego, a referência, o alimento. Para o corpo e para a alma.

Posso respeitar quem pensa diferente. Mas eu só sei ser mãe assim.



Imagem: http://www.xenia.com.br

quinta-feira, dezembro 8

que pouco que nada


Tô aqui cheia de coisas na cabeça.
Mas é na cabeça, e não na ponta dos dedos. Por isso esse silêncio por aqui.
Dentro, som e fúria. Fora, silêncio.
É bom. Se a gente sabe se entregar a esses momentos, aprende, cresce, melhora com eles.
E eu ando querendo melhorar um pouco.
Um pouco já tá bom.
Só um pouco.
Um pouco.
Pouco.
Pou.
P.
...


Imagem: http://krel-kreu.weblogger.terra.com.br

segunda-feira, dezembro 5

das pedras no meio do caminho

Tem batalhas na vida que valem a pena demais.
Podem ser complicadas, intrincadas, cansativas. Às vezes, levam a gente por caminhos que parece que não vão dar em lugar nenhum. E bate aquela vontade imensa de recuar, encolher, desistir.
Mas a gente insiste. Por mais que tropece, que caia, que se quebre inteira. A gente levanta e recomeça. Do zero, se for preciso.
Porque vale a pena lutar por certas coisas. Não por tudo, mas por certas coisas. Certas coisas que fazem valer cada passo.
Porque são únicas. Ou especiais. Ou preciosas. Ou delicadas. Ou fundamentais.
Ou tudo isso junto.
E aí não dá pra desistir. A gente cai, mas continua. Tenta, e tenta, e tenta. Por mais que se sinta cansado, ou com medo, ou desesperado. Porque a gente fica, sim. É humano. Mas ainda mais humano que desesperar é dar a volta por cima e recomeçar. E continuar tentando, até conseguir.
Porque, por mais que demore, uma hora a gente consegue.
Consegue, sim.
E nem adianta querer vir me dizer o contrário. Que desistir eu não vou.
Não mesmo.

sexta-feira, dezembro 2

a gente não quer só comida





















Contrariando todos os prognósticos negativistas (os meus próprios, inclusive), devo confessar que estou A-MAN-DO ver minhas pimentinhas se deliciarem com suas primeiras amostras dos sabores do mundo.
Elas comem, cospem, dão risada, batem papo, mastigam a colher, passam a comida no rosto, no corpo, no cadeirão. Um barato.
Batata-abobrinha-beterraba-escarola-chuchu-mandioca-alface-abóbora-espinafre-repolho-tomate-cenoura. Tudo isso já comeram. De todos, os únicos que não agradaram muito foram a mandioca e a abóbora.
Tudo bem, afinal, não se pode ganhar todas.
E eu não me canso de admirar essa maravilha que é a evolução de uma criança.
Duas criaturinhas que há seis meses apenas dormiam, mamavam e choravam. Hoje, brincam, conversam, sentam, comem.
Muito bacana.


PS: aos que passaram essa semana se perguntando se eu havia me jogado da janela mais próxima de tanta saudades, venho comunicar que sobrevivemos. o Re chega hoje. e eu já me prometi que nunca mais deixo ele ir nem na padaria sozinho... :o)