quinta-feira, julho 27

Ontem, foi dia da avó.
Eu me lembrei, sim. Fiz um post no blog das meninas falando da avó. A delas, é claro.
Mas estava com milhares de outras coisas na cabeça e acabei não falando da minha.
Chegou fim do dia, eu pensei no que não tinha feito, deu vontade de fazer.

Minha avó se foi desse mundo (sim, foi-se para outro, ao menos é assim que eu acredito) há quase sete anos.
Só agora, escrevendo, é que me dei conta de que faz tanto tempo. Porque a presença dela ainda é tão viva pra mim que eu diria que a distância temporal é bem menor.
A perda dela foi um baque imenso pra mim, a descoberta de um vazio doloroso. A falta que a gente nem imagina. E de repente acontece.

Minha avó era uma pessoa incrível. Notável, especial. Dessas que nunca passam despercebidas. Uma pessoa daquelas a quem ninguém fica indiferente.
Uma mulher forte, dura na queda, de roer o osso mesmo. Que encarou, há quase cinquenta anos, se ver sozinha com dois filhos pra criar e dar conta do recado.
Uma mulher à frente de seu tempo, com um respeito imenso pelo outro.
Uma mulher doce, que sabia conquistar como ninguém. Uma grande amiga, grande companheira. Um ótimo papo, uma simpatia. Que sabia falar sério, sabia falar bobagem. Sabia rir da vida, o que eu considero uma grande qualidade.
Sabia aproveitar a vida, a minha avó. Depois de passar muita dificuldade, de 'comer muita grama', como se diz, de cair, levantar, cair de novo e levantar mais uma vez. Gostava de comer bem (essa eu herdei dela), de dormir (essa também), de viajar (ops...), de passear (!).
Inteligente, adorava uma boa peça de teatro, vimos muitas e muitas juntas. Um bom cinema, um bom filme na TV. Alguns desses pequenos prazeres, tivemos juntas, muitas vezes.
Tenho muito dela, eu acho. Espero ter, pelo menos. Porque a pessoa que ela era eu teria muito orgulho de carregar comigo.
A saudade, essa é imensa. É nesses momentos, parando pra pensar, que eu me dou conta. Tantas coisas que eu gostaria, ainda hoje, de dividir com ela. De contar.
Adoraria que ela pudesse pegar minhas meninas no colo. Levá-las para passear. E mimá-las bastante, que é o que eu sei que ela faria.
Adoraria que pudéssemos trocar mais algumas palavras, poucas que fossem.
Adoraria poder pegar agora no telefone, ligar pra ela e dizer "feliz dia".
Atrasado, mas sei que ela não ligaria.

Não posso pegar no telefone, é verdade.
Mas dizer eu ainda posso. Que sei que ela, de alguma forma, vai ouvir.
Ou escrever, um pequeno bilhetinho, como faço todo ano, no reveillon, desde que ela se foi. Escrevo num papelzinho coisas que gostaria de dizer a ela. À meia noite, jogo o papel, seja no mar, seja ao vento, onde eu estiver.

Hoje, aqui vai:
"Feliz dia, vó. Feliz dia.
Saudades, muitas e muitas.
Dia desses a gente se vê, que o tempo não existe e a distância menos ainda.
Amor,
Rê"

quarta-feira, julho 26

só sei que nada sei



Às vezes, me dá uma tristeza danada e um desânimo do fundo da alma dessas situações em que a gente roda, roda, roda, mas nunca que sai do lugar.
Eu sei que há um ponto em que as coisas chegam em que o impasse só se resolve se um dos lados ceder. Sim, eu sei.
Mas há de haver um limite. Certos pontos são importantes demais, são vitais. Aí, não dá pra ceder. Há um limite, até mesmo para as concessões que a gente faz na vida. Nem tudo pode ser negociado. Nem todas as posições a gente pode deixar de lado. Algumas, tudo bem. Outras não.
Por mais complicada que seja essa conclusão, e por mais que ela me afaste do que eu busco no momento, que é a tão sonhada solução para o impasse, eu sinto que em certos pontos do que a gente acredita não dá pra ceder. Se a gente cede, dói demais, sangra um tempão e a gente fica o resto da vida se remoendo porque achava que não deveria mesmo ter cedido.
Se é pra ser assim, ceder não vale a pena. Às vezes pode até valer, mas não nesse caso.
Estou errada demais? Alguém disposto a me dar uma luz?


PS: o dia da avó está sendo devidamente comemorado lá no blog das pimentinhas, passem por lá.

segunda-feira, julho 24

a televisão me deixou burro, muito burro demais...

É inacreditável a que ponto podem chegar a ganância, o egoísmo e a violência humanas. Inacreditável. E triste.
E revoltante ver a que ponto de parcialidade a imprensa mundial pode chegar. Fico com o estômago embrulhado de ler e ouvir certas coisas.
Já dizia quem sabia mais: "se você pode ler apenas um jornal, melhor não ler nenhum".

Quer um outro eu mais leve e ameno?
Vai lá no blog das pimentinhas que tem.

quinta-feira, julho 20

a vez da vida, ou a vida da vez

Às vezes, sem aviso nem perdão, eis que me invade uma vontade imensa de viver todas as vidas do mundo. De saborear todas as cores, todos os sons, todos os cheiros. De sentir a imensidão do mundo permear cada pedaço desse corpo que vez ou outra desconheço, de tão sedento.
Às vezes, a vida se torna pouco para mim. Para tudo o que desejo, tudo o que sonho, tudo o que anseio. Que anseio demais. Que quero ir sempre mais longe, sempre adiante do que me levam meus pequenos pés.
Às vezes, o medo se esconde e tudo o que eu desejo é que aconteça logo o furacão, que seja logo a mudança, e que tudo saia de seus lugares corretos. Que a casa fique uma bagunça e eu não deseje mais do que admirar a doce confusão dos grandes sentimentos.
Às vezes, de miúda fico grande, de fraca fico forte, de acanhada fico atirada. Permito-me ser outra: uma que ousa mais, arrisca mais, reflete menos. Muito menos.
Às vezes, olho-me no espelho e me dou o direito de simplesmente dizer sim. Que sim. E sim.
Às vezes, não me importo que venha chuva, ou sol, ou vento. Abro os braços e aceito. E sou feliz com o que me chega.
Às vezes, eu apenas quero. Quero muito mais que o possível. Quero todo o inimaginável. Quero todo o intangível.
Às vezes, eu vivo. Simplesmente, e só.
E é bom.
Sim, é bom.
Sim.

quarta-feira, julho 19

boquiaberta



Eu fico besta de ver a capacidade que têm certas pessoas de enganar a si mesmas. É a típica atitude "repita uma mentira mil vezes e ela se tornará uma verdade".
Acho tão triste, isso.

terça-feira, julho 18

sombra, mar e água fresca



Como é bom parar de vez em quando.
Reabastecer, recarregar as baterias, revigorar total e voltar pronta pra outras. E outras, e outras.
Muito mais do que bom, é excelente...

Estivemos aqui, até ontem. Pra quem quiser dar um tempinho pelas águas (atualmente) geladas do litoral norte paulista, eu recomendo sem pensar duas vezes. O lugar é uma delícia, a comida é boa, o atendimento é simpático e morgar na areia sem ter horário pra nada é bom demais. Só um conselhinho: aconteça o que acontecer, sejam quais forem as circunstâncias, NÃO comam no pizza-bar que fica em frente à pousada. Confiem em mim, e não se arrependerão.

quinta-feira, julho 13

corujinha, corujinha



Meu (substancial) lado coruja não resistiu. Rendeu-se.
Enfim, criei um blog para as meninas.
Agora, como sempre, preciso de uma boa alma, amiga, caridosa e com conhecimentos de html para me ajudar a mudar a sidebar, colocar os links dos amigos, mudar o perfil...
Alguém se habilita?

quarta-feira, julho 12

dois pra lá, dois pra cá



Sabe o que é bacana?
Ver que o mundo dá voltas.
Voltas mil, incríveis e maravilhosas.
Muito legal isso.
Muito legal.

segunda-feira, julho 10

gosto, não se discute...



Gosto de tomar sol, e de dormir esticada na areia.
Gosto de acordar tarde e espreguiçar gostoso antes de levantar.
Gosto de sorvete de chocolate, de preferência com pedacinhos.
Gosto de batata, de qualquer jeito: assada, frita, cozida, recheada.
Gosto de sair na chuva e me deixar molhar, e de brincar nas poças d'água sem pensar no depois.
Gosto de caminhar de mãos dadas e parar para uns beijinhos no meio do caminho.
Gosto de livrarias, de folhear cada livro, de sentir o cheiro.
Gosto de música brasileira, de ouvir trocentas vezes a mesma música sem enjoar.
Gosto de ficar de bobeira e assistir o pôr-do-sol.
Gosto de falar bobagem e não ter compromisso.
Gosto de ouvir elogios e saber que sou boa no que faço.
Gosto de andar sem pressa, de olhar casas, pessoas, paisagens.
Gosto de bibliotecas, do silêncio, da solidão povoada.
Gosto de ter um ombro pra chorar bastante sempre que quiser.
Gosto de ligar para um amigo no meio da tarde só pra dar um alô.
Gosto de pizza, a qualquer hora do dia ou da noite, seja fresca ou amanhecida.
Gosto de sonhos, de imaginação, de criatividade.
Gosto de ser ouvida, mesmo quando não tenho muito a dizer.
Gosto de brincar no tapete e voltar a ser criança.
Gosto de escrever para me render ao que não sei.
Gosto de dirigir com o som alto e cantando junto.
Gosto de ter um amor para dividir a vida.
Gosto de viajar e não ter destino, de mudar de planos, de ter novas idéias.
Gosto de fazer loucuras sem explicação e de não precisar fazer sentido de vez em quando.
Gosto de viver cada dia como se não houvesse outros, nem antes nem depois.
Gosto de ser essa metamorfose ambulante, e de não ter aquela velha opinião formada sobre tudo.
Gosto de ter a felicidade ao alcance das mãos.
Gosto desse cheiro de vida nova, da frescura de cada recomeço.
Gosto de acordar e sentir que ainda tenho muito o que viver.
Gosto de saber que ainda há muito o que aprender.
Gosto de saber que sou pequena, que fiz pouco e que sei menos ainda.
Gosto de saber que ainda assim já fiz tanto, descobri tanto e cheguei a tantos lugares.
Gosto de saber que hoje sou tão diferente do que já fui.
Gosto.
Gosto muito.

quinta-feira, julho 6

que intensa magia, teu corpo irradia



Moço, cuidado com ela!
Há que se ter cautela com esta gente que menstrua...
Imagine uma cachoeira às avessas:
cada ato que faz, o corpo confessa.
Cuidado, moço
às vezes parece erva, parece hera
cuidado com essa gente que gera

essa gente que se metamorfoseia
metade legível, metade sereia.
Barriga cresce, explode humanidades
e ainda volta pro lugar que é o mesmo lugar
mas é outro lugar, aí é que está:
cada palavra dita, antes de dizer, homem, reflita..
Sua boca maldita não sabe que cada palavra é ingrediente
que vai cair no mesmo planeta panela.
Cuidado com cada letra que manda pra ela!
Tá acostumada a viver por dentro,
transforma fato em elemento
a tudo refoga, ferve, frita
ainda sangra tudo no próximo mês.
Cuidado moço, quando cê pensa que escapou
é que chegou a sua vez!
Porque sou muito sua amiga
é que tô falando na "vera"
conheço cada uma, além de ser uma delas.
Você que saiu da fresta dela
delicada força quando voltar a ela.
Não vá sem ser convidado
ou sem os devidos cortejos..
Às vezes pela ponte de um beijo
já se alcança a "cidade secreta"
a Atlântida perdida.
Outras vezes várias metidas e mais se afasta dela.
Cuidado, moço, por você ter uma cobra entre as pernas
cai na condição de ser displicente
diante da própria serpente
Ela é uma cobra de avental
Não despreze a meditação doméstica
É da poeira do cotidiano
que a mulher extrai filosofando
cozinhando, costurando e você chega com a mão no bolso
julgando a arte do almoço: Eca!...
Você que não sabe onde está sua cueca?
Ah, meu cão desejado
tão preocupado em rosnar, ladrar e latir
então esquece de morder devagar
esquece de saber curtir, dividir.
E aí quando quer agredir
chama de vaca e galinha.
São duas dignas vizinhas do mundo daqui!
O que você tem pra falar de vaca?
O que você tem eu vou dizer e não se queixe:
VACA é sua mãe. De leite.
Vaca e galinha...
ora, não ofende. Enaltece, elogia:
comparando rainha com rainha
óvulo, ovo e leite
pensando que está agredind
oque tá falando palavrão imundo.
Tá, não, homem.
Tá citando o princípio do mundo! *


Fazer o quê?
Ando poética, esses dias...
E hoje acordei com uma quentura na alma e uma delícia imensa de ser mulher.
É bom, demais.


* "Aviso da Lua que Menstrua" (Elisa Lucinda)
Imagem: "Mulher ao Espelho", Picasso, de: http://sulanorte.blogs.sapo.pt

quarta-feira, julho 5

logo demanhã, bom dia



em caso de dor ponha gelo
mude o corte de cabelo
mude como modelo
vá ao cinema, dê um sorriso
ainda que amarelo, esqueça seu cotovelo
se amargo foi já ter sido
troque já esse vestido
troque o padrão do tecido
saia do sério, deixe os critérios
siga todos os sentidos
faça fazer sentido
a cada mil lágrimas, sai um milagre
*
*Alice Ruiz e Itamar Assumpção

segunda-feira, julho 3

umbigo do mundo



... por que é que tem tanta gente egoísta e mal-educada no mundo?
... por que é que existe tanta gente que acha que o mundo tem que girar ao seu redor?
... o que é que a gente faz com esse tipinho insuportável de gente que não enxerga um palmo além do próprio umbigo e não se importa com nada que não diga respeito às próprias vontades e aos próprios problemas?
Ai, como enche!