quinta-feira, julho 20

a vez da vida, ou a vida da vez

Às vezes, sem aviso nem perdão, eis que me invade uma vontade imensa de viver todas as vidas do mundo. De saborear todas as cores, todos os sons, todos os cheiros. De sentir a imensidão do mundo permear cada pedaço desse corpo que vez ou outra desconheço, de tão sedento.
Às vezes, a vida se torna pouco para mim. Para tudo o que desejo, tudo o que sonho, tudo o que anseio. Que anseio demais. Que quero ir sempre mais longe, sempre adiante do que me levam meus pequenos pés.
Às vezes, o medo se esconde e tudo o que eu desejo é que aconteça logo o furacão, que seja logo a mudança, e que tudo saia de seus lugares corretos. Que a casa fique uma bagunça e eu não deseje mais do que admirar a doce confusão dos grandes sentimentos.
Às vezes, de miúda fico grande, de fraca fico forte, de acanhada fico atirada. Permito-me ser outra: uma que ousa mais, arrisca mais, reflete menos. Muito menos.
Às vezes, olho-me no espelho e me dou o direito de simplesmente dizer sim. Que sim. E sim.
Às vezes, não me importo que venha chuva, ou sol, ou vento. Abro os braços e aceito. E sou feliz com o que me chega.
Às vezes, eu apenas quero. Quero muito mais que o possível. Quero todo o inimaginável. Quero todo o intangível.
Às vezes, eu vivo. Simplesmente, e só.
E é bom.
Sim, é bom.
Sim.