terça-feira, novembro 8

... e cada um com seu cada um



Tem aprendizados que são para uma vida inteira. Muita água tem que rolar para a gente aprender a lidar com certas coisas.
Para mim, lidar com a insegurança é um desses aprendizados. Algo que eu venho lutando para aprender desde que me entendo por gente.
Acho que é um impulso natural do ser humano, esse de querer agradar o outro. Desejar ser amado, admirado. Desejar provar para o outro que pode, que é, que sabe.
Isso cansa. Cansa tanto. Melhor mesmo é poder viver a própria vida, seguir o próprio caminho, fazer as próprias escolhas sem ter que dar satisfação a ninguém. Porque a grande verdade, que é a mais simples do mundo mas nem sempre a gente tem olhos de ver, é que ninguém tem nada com isso. A minha vida é isso mesmo, minha. Nem mais, nem menos. Minha e só. E ponto final.
Simples, não? Mas até chegar aí, que canseira que dá.
Eu venho aprendendo certas coisas pouco a pouco. No meu ritmo, que aliás para certas coisas não é dos mais rápidos do mundo, e está muito bem assim.
Venho aprendendo a gastar menos energia provando, exibindo, demonstrando. E a economizar meu tempo para apenas ser. O que sou, que é tudo o que posso ser.
Uma alegria sem tamanho que eu venho descobrindo há um tempo é a de aceitar. Aceitar a mim mesma, abrir os braços para quem eu sou. Conhecer, entender e amar. Com generosidade e respeito.
Não falo de conformismo. Pelo contrário. Quando a gente descobre essa força que tem a aceitação e a amorosidade por quem a gente é de verdade, aí é que encontra de fato em si a possibilidade de mudança. De deixar de lado aquilo que não quer. Mas que não quer por si, e não pelos outros.
Defeitos, a gente tem. Todos. Todos, sem exceção. Aliás, se houver por aí uma exceção a essa regra, eu é que não quero conhecê-la, porque deve ser o ser mais insuportável da face da Terra. Defeitos fazem a pessoa humana, possível. Levam adiante, trazem o desejo de mudança. A possibilidade do crescimento.
O que faz a gente, de fato, crescer, melhorar e evoluir, é saber reconhecer. O que deve ser mudado e o que não. Porque tem defeitos que não são para serem mudados, mesmo. Fazem parte da singularidade de quem a gente é. Daquilo que nos faz únicos e especiais. E quando a gente se dá conta disso, percebe que o rótulo de 'defeito' nem cabe mais. E aquilo que a gente passou tanto tempo acreditando que precisava combater, corrigir e consertar, passa a ser nada mais que uma característica. Entre tantas que fazem de cada indivíduo um ser cheio de poréns, de desvios e singularidades, e maravilhoso por isso.
O fato é que eu hoje acordei e pensei: 'de hoje em diante, eu não quero mais provar nada para ninguém'. Veio assim. Essa vontade, esse desejo de me entregar apenas a ser. E viver feliz com isso.
Eu não sei quanto tempo vai durar essa resolução. Mas só o fato de ter me dado esse direito já faz uma diferença enorme. Para mim faz.
Acordar querendo ser quem eu sou e nada mais.
Sensação boa. Demais da conta.


(* imagem extraída de http://geocities.yahoo.com.br/tenini_online/flagrantes)