quinta-feira, janeiro 26

Eu adoro calor. A-do-ro. Conto os meses para a chegada do sol.
Sou uma criatura solar, mesmo. Me alimento de luz e calor. Me revigoro, me abasteço.
Se pudesse escolher, meu ano teria apenas duas estações: primavera e verão. Isso, dividido em nove meses de verão e três de primavera, só para dar uma refrescada.
Tudo fica melhor no calor. É como se o mundo tivesse cara nova. Um mundo novo, fresquinho, colorido. A cada verão.
As pessoas ficam mais felizes, mais abertas, mais dispostas.
Para se vestir, é uma beleza. Basta uma regata, uma saia, uma sandalinha (ou mesmo um chinelo, se você for da turma dos despojados - ou dos desligados mesmo, como é o meu caso) e pronto. Nada de carregar blusas e mais blusas, casacos, guarda-chuva. No calor, eu deixo a chuva me pegar de bom humor. Chego mesmo a achar divertido ser surpreendida por aquelas nuvens carregadas de verão, e acabar encharcada da cabeça aos pés.
Para dormir, fantástico: nada de edredons, cobertores ou mesmo lençõis fazendo peso em cima de você: o travesseiro é o único material indispensável para uma boa noite de sono. Bom, o travesseiro, e uma boa companhia, claro. Porque dormir juntinho pode até dar uma esquentadinha, mas eu não dispenso nem sob o calor mais escaldante.
Para os mais ousados (ou, mais uma vez, mais desligados, como é meu caso) dá até para dar um chega pra lá no pijama. E tem coisa melhor que dormir à vontade, como se veio ao mundo?
O calor é a melhor época pra se fazer regime, porque não dá vontade de comer. No máximo, frutas, sucos, saladas. Nada que faça muita diferença na hora da balança. Comida pesada, gordurosa? Só de pensar, já dá aflição.
No calor, a gente bebe muita água. E água, além de ajudar a emagrecer, faz um bem danado à saúde.
No calor, a gente acorda com vontade de pular da cama para viver o dia. Dá uma sensação irresistível de que tudo é possível. Afinal, com um sol vibrante, poderoso e absoluto brilhando lá fora, o que é que pode dar errado?
No calor, a gente faz atividades muito mais saudáveis. Sai pra caminhar, vai a parques, à praia, dá um pulo na piscina. Até os mais sedentários (categoria na qual definitivamente me incluo) parecem deixar-se contaminar por um desejo incontrolável de movimento, de atividade. Agora, quem é que tem coragem de sair pra dar uma voltinha (ainda que seja no quarteirão) naqueles dias cinzentos, nublados e gelados do meio do inverno? Eu, não.
Banho gelado, sorvete de chocolate, fim de tarde, ventilador ligado, óculos de sol. Ô, coisa boa.
Eu gosto dessa sensação do verão de que o mundo é infinito. Se multiplica. Tudo pode.
Afinal, não existe mesmo pecado do lado de baixo do Equador.
E pobre de quem está perdido lá pra cima.