quarta-feira, março 8


Sou uma mulher entre mulheres. Sempre fui. As grandes presenças e influências que fizeram de mim boa parte do que sou hoje são de mulheres. Mulheres fortes, mulheres grandes, mulheres guerreiras. Mulheres mulheres, mesmo. Que fazem jus ao título.
Sempre achei que uma das minhas grandes sortes na vida (sim, eu tenho muitas) era ter nascido mulher. Que os caminhos, para nós, são mais doces, embora nem sempre menos árduos. Que viemos ao mundo com o dom divino de compreender, de acolher, de acalentar. E não há dom mais precioso que esse.
Para nós, desde muito pequenas, tudo é instinto de proteção. Cada brinquedo, cada bichinho, cada boneca, vira um filho. Damos nome, contamos estória, fazemos carinho. Sem pudor, sem vergonha. Que a mulher tem essa sorte, não ter vergonha de querer bem. De acarinhar. Da doçura.
A mulher é casa, desde cedo. Não caseira, mas casa. Que são coisas totalmente diferentes. A mulher é lar, é porto seguro, é pilar. De ternura e de força. Ao mesmo tempo. Quer coisa mais poética, mais intensa, mais inteira?
A mulher é guerreira. Mas guerreia com o coração. Guerreia sem armas, guerreia com sentimentos. E não tem arma mais poderosa e transformadora que os grandes sentimentos.
É bacana demais estender a mão a outra mulher. Apoiar e ser apoiada. Ouvir e ser ouvida. Dar e receber colo. Porque há um tipo de relação de carinho, de cumplicidade, de amor que só se estabelece entre duas mulheres. E cuja magnitude só elas alcançam. Porque vai muito além, ocupa um espaço subjetivo cheio de entrelinhas que só quem compreende a essência do feminino consegue penetrar.
Ser mulher é ser tudo. Tudo junto, tudo ao mesmo tempo agora. Porque nosso bailado de passos delicados carrega um potencial infinito. Carrega um ventre criador, o dom da vida. E nada nos harmoniza mais com a energia criadora. Ou deus, como quiserem chamar.
Sou uma mulher entre mulheres. Fui e continuo sendo. E sou feliz demais por isso.
Minha avó, minha mãe, minhas filhas. Minhas amigas-irmãs. Minhas companheiras de jornada.
A cada uma delas eu gostaria de sussurrar baixinho, com a delicadeza de que só as fêmeas são capazes: 'feliz dia das mulheres'.
Infelizmente, nem todas posso alcançar. Objetivamente, pelo menos.
Mas sei que o afago doce de minhas palavras lhes alcança. Onde quer que estejam.
E diz tudo o que deve ser dito.
Feliz dia.
Feliz, mulher.


PS: Está no ar o site "Parto do Princípio - Mulheres em Rede pela Maternidade Ativa". Um lindo movimento pensado, elaborado e concretizado por mulheres, do qual tenho orgulho de fazer parte. A idéia é formar uma rede de apoio a mulheres que desejam viver suas gravidezes, partos e maternidades de forma ativa e consciente. Dêem uma olhada, o site está lindo. Tem muita coisa boa por lá.