sexta-feira, março 17


Tem caminhos na vida que são engraçados. Porque quando acontecem, e a gente não está preparado para compreender, têm toda cara de desvio. E a gente fica assim, meio triste, decepcionado. Porque acha que está perdendo o rumo e se desviando do que a gente quer de verdade.
Mas nem sempre é assim. Alguns caminhos levam a gente a estradas inesperadas, mas que vão dar exatamente onde a gente estava querendo chegar. É que, muitas vezes, a gente tinha mesmo era escolhido o caminho errado - que podia até ser o certo pra outros, mas não pra você - sem nem se dar conta. E estava se desviando sem desviar. Caminhando no caminho certo pra chegar no lugar errado.
A sorte que alguns têm é que a vida dá uns nós, revira as coisas de cabeça pra baixo e dá uma ajeitada boa pra tudo acabar saindo conforme o que a gente queria.
Tudo bem, não é sempre que acontece. Mas quando acontece, é bacana de dar gosto. Dá uma sensação gostosa de ser regido por uma força maior, que nunca deixará de cuidar para que tudo acabe dando certo no final.
Eu sei que não dá. Nem sempre.
Mas é gostoso ter, por um momento, essa sensação. Como se de repente o mundo voltasse a ser um lugar seguro, compreensível, harmônico, onde todos os caminhos obedecem a uma ordem superior e onde, por mais que não pareça, tudo o que acontece leva sempre a um final feliz.
É isso. Acreditar no final feliz. Como nos contos de fadas. Como criança, acreditar.
Acho que era disso que eu estava precisando.
E esse gostinho é doce. Tão doce quanto a coisa mais doce. Tão doce quanto sonho que a gente sonha na infância, de alma limpa e coração verdadeiro.
Tão doce quanto aquele futuro que a gente só ousa imaginar. Que constrói no sonho e pendura na parede, como forma que não foi feita para acontecer.
Mas acontece, quando a gente não perde a coragem de acreditar.
Acontece, e é.
Doce, muito doce.