com açúcar e com afeto
Ontem pela manhã, comendo uma fatia de bolo de chocolate (delicioso e feito por mim, voilá!) que levei na bolsa, fui invadida por uma lembrança gostosa demais.
Quando eu era criança - devia ter uns nove ou dez anos - fazia natação no SESC Consolação. As aulas eram à tarde. Eu, num horário. Meu irmão, no horário seguinte.
Antes que vocês comecem a se perguntar o que afinal tudo isso tem a ver com bolo de chocolate, explico: minha mãe, que sempre foi uma boleira de mão cheia, levava fatias de bolo para que comêssemos ao sair da aula, já que piscina deixa a gente com uma fome de leão.
O mais engraçado foi a força e a nitidez da lembrança. Ainda agora, se fechar os olhos, posso sentir a atmosfera daqueles momentos, hoje já tão distantes, com riqueza de detalhes: a sensação de frescor de quem acaba de sair do banho, os cabelos ainda molhados; o cheiro de cloro da água tratada; os sons abafados do ambiente fechado; o toque gelado da arquibancada de pedra - eu comia o bolo no próprio ginásio que abrigava a piscina, enquanto minha mãe assistia meu irmão fazendo a aula -; o bolo macio, sem parte da cobertura, que sempre ficava grudada na tampa do pote de plástico; e a companhia doce de minha mãe, sempre tão mãe.
Gostoso demais lembrar disso, assim, de graça, sem esperar.
Tem momentos que ficam mesmo com a gente, não importa quanto tempo passe.
Ainda bem.
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